O cérebro é capaz de armazenar dez vezes mais memórias do que o anteriormente previsto pela ciência. De acordo com um novo estudo, feito por neurocientistas do Salk Institute, nos Estados Unidos, a capacidade de armazenamento das sinapses (conexões cerebrais que transmitem dados de um neurônio a outro) está na ordem do petabyte – o que equivale à informação contida em 4,7 bilhões de livros ou 670 milhões de páginas da internet. Além de ajudar a compreender o cérebro, a descoberta também poderá ajudar a criar futuros computadores mais eficazes.
“Essa é uma verdadeira bomba na área da neurociência”, disse o pesquisador Terry Sejnowski, um dos autores do estudo, publicado no periódico eLife. “Nossas novas medições da capacidade da memória humana aumentam as estimativas mais conservadoras em, no mínimo, dez.”
Arquivo complexo – A memória é resultado de atividades elétricas e químicas que acontecem no interior do cérebro. Para verificar a quantidade de dados que o cérebro seria capaz de estocar, o time de pesquisadores analisou o número e a força das sinapses entre os neurônios. Ao reconstruírem um cérebro por meio de tecnologia tridimensional, eles perceberam uma atividade incomum: alguns dos neurônios estavam enviando a mesma informação duas vezes ao neurônio seguinte.
Inicialmente, os especialistas não pensaram em analisar o motivo dessa atividade. No entanto, ao verificar como se dava o envio da mesma informação por duas vias distintas, eles conseguiram calcular as diferenças no tamanho das sinapses ocorridas, por meio de sofisticados modelos matemáticos. Esse processo acabou revelando a quantidade de informações que é possível armazenar na mente.
Os cientistas verificaram, então, que não existem apenas três tamanhos de sinapses (pequena, média e grande), como se acreditava, mas 26 grandezas possíveis, o que aumenta em pelo menos dez vezes a capacidade de armazenamento de memórias no cérebro. E isso é feito com um pequeno gasto de energia – o que garante a incrível eficiência da mente humana.
Computador superpoderoso – Em termos digitais, isso significa que as sinapses são capazes de transferir 4,7 bits de informação e não um bit ou dois bits, como os cientistas previam até então. De acordo com os cientistas, além ajudar a desvendar o órgão mais complexo do corpo humano, a pesquisa também oferece chaves importantes para a construção de computadores mais potentes e eficientes.